Minha vida é um livro aberto, mas só lê quem eu quiser

Do Yahoo
Por: Arthur Chioramital

Que a confiança é uma das bases de qualquer relacionamento que pretende ser saudável ninguém duvida ou questiona. Eu não consigo imaginar duas pessoas construindo uma história que não seja pautada na certeza de que ambos estão sendo honestos. Ou melhor, posso até imaginar elas tentando, como um monte de gente faz todos os dias. Só não acredito que elas serão bem sucedidas. Ainda assim olho com certa desconfiança para aqueles casais que sabem absolutamente tudo um do outro. Ser honesto significa que precisamos dividir todas as histórias vividas e por viver? Eu, particularmente, penso que não.
Não sei vocês, mas existem alguns detalhes da minha vida que eu preferiria que continuassem no passado. Certos episódios dos quais eu não me envergonho, mas que tão pouco contaria para os meus netos. Histórias protagonizadas por um outro Arthur, decisões tomadas por alguém diferente de quem eu sou hoje. Situações que contribuíram para que eu me tornasse a pessoa que me tornei. Mas que em sua grande maioria nada tem a ver com quem faz parte da minha vida hoje. Diante desse fato, não consigo perceber qual a utilidade de dividir certas informações com meu parceiro.

Coisas como o número de pessoas com quem eu transei, os porres que eu tomei ou as maluquices que eu fiz quando mais jovem certamente não contribuirão em nada para a construção de um relacionamento mais sólido, porque são coisas que ficaram no meu passado. Percebam que eu disse meu passado. Não nosso. Porque eu me refiro às coisas feitas antes de o relacionamento começar e que dizem respeito a mim e a ninguém mais.
Os partidários da junção absoluta de dois indivíduos que me desculpem, mas relação simbiótica só dá certo entre fungo e casca de árvore. É preciso garantir espaço para que as duas pessoas que compõem o casal consigam existir de forma plena, sob o risco de morrermos sufocados uns pelos outros. Reservar uma parte da minha vida só para mim não é mentir nem ser individualista. É manter claro onde termina uma pessoa e onde começa outra. Sem falar que namorado não é terapeuta nem melhor amigo. As duas últimas figuras existem, justamente, para que a gente tenha com quem falar de coisas que não quer comentar com a primeira.
Amiga, crescemos assistindo desenhos da Disney e vendo novelas da Globo. Então, é natural que a gente busque um relacionamento onde os dois indivíduos se encaixam tão perfeitamente que chegam a completar as frases um do outro. É dessa fantasia de encontro entre duas pessoas destinadas a ficarem juntas que vem a ideia de que você e o candidato a príncipe têm que ser um só. Precisa dizer que esse tipo de coisa não funciona na vida real? Acho que não, né?
Você tem todas as chances do universo de encontrar um cara incrível e viver feliz para sempre ao lado dele. Estamos todos de dedos cruzados torcendo para que isso aconteça. Relaxa, não dividir cada lembrança do seu passado ou cada impressão e pensamento que ocorra a você no presente não invalida esse projeto e nem te transforma em uma bruxa mentirosa. A essa altura do campeonato, o cara já deveria ter aprendido que uma certa dose de independência faz bem para todo mundo. Se ele ainda não sabe disso, teve a sorte de encontrar você, uma mulher inteligente que vai ter o maior prazer do mundo em ensinar a ele com todo amor e carinho essa lição tão importante.

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